A jornalista e ex-vereadora paulistana Soninha Francine disse no seu Twitter (imagem abaixo), na noite desta quinta-feira (26) que os moradores de Pinheirinhos que apareceram em fotos – há cerca de duas semanas – portando escudos e pedaços de madeira para resistir ao iminente despejo que a Polícia Militar promoveria são“criminosos tirando vantagem da situação, não gente comum defendendo sua terra”.
A afirmação foi postada em inglês, em resposta ao consultor inglês Jimmy Greer, que atua com temas de meio ambiente. Greer divulgou a imagem dos moradores de Pinheirinho em “barricada”, que considerou “just unreal”, algo mais ou menos equivalente a “surreal” na gíria brasileira.
A declaração – que caberia perfeitamente na boca de um general linha dura da ditadura civil militar encerrada em 1985 – é forte e carrega consigo a ideia ultraconservadora que considera movimentos e lutas sociais como casos de polícia.
É uma frase que sintetiza e ilustra muito bem a ideologia que prega a criminalização dos movimentos sociais. Não basta divergir deles. É preciso criminalizá-los, estigmatizá-los, torná-los inimigos da “lei e da ordem”, elementos que precisam ser eliminados e isolados da sociedade.
Logo, tratá-los da forma como a PM-Sp o fez, é apenas a consequência dessa ideologia defendida com tanta convicção por Soninha.
É público e notório que, nos últimos anos, Soninha se tornou um pitbull ideológico de José Serra e do PSDB, especialmente nas redes sociais. Daí a chegar a esse grau de violência simbólica contra pessoas que já são marginalizadas e enfrentam toda a sorte de preconceitos e agressões para poderem (sobre)viver… é de espantar.
A imagem à qual se referiu Jimmy Greer foi amplamente divulgada pela imprensa. Na Folha, jornal que já publicou até ficha policial falsa de Dilma Rousseff, a legenda da foto diz:
“Moradores da favela Pinheirinho estão armados com escudos e bastões esperando a chegada de policiais com ordem judicial para expulsá-los de terreno invadido, em São José dos Campos (SP)”.
Para Soninha, são apenas criminosos.
Soninha não é uma boba destemperada. Ao contrário, sabe muito bem o valor que as palavras têm e os conceitos que elas carregam e reproduzem.
Mas nem sempre ela pensou assim. Daqui a pouco coloco aqui um vídeo, de 2005, com ela falando sobre direitos humanos.
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