Diretório regional quer Comissão de Ética contra líder do governo, por indicação de secretário; caso segue para direção nacional
O diretório municipal do PT de Campinas aprovou um pedido de investigação na Comissão de Ética do partido contra o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP). Vaccarezza é acusado de ferir a disciplina partidária ao indicar um secretário para o governo do vereador Pedro Serafim (PDT), que assumiu no lugar do petista Demétrio Vilagra, afastado pela Câmara Municipal em dezembro de 2011.
Na acusação, o PT de Campinas pede a expulsão de Vacarezza do partido. “Ou reforçamos nossas instâncias e a ideia de um partido de iguais, onde todos são responsáveis por serem guardiões de nossas decisões, ou aumentarão entre nós as distorções e a criação de líderes que tudo podem em nome de seus próprios interesses pessoais”, diz o texto aprovado no dia 11 de fevereiro.
A nomeação aconteceu logo depois da posse de Serafim, o terceiro na ordem de poder na cidade, beneficiado pelas quedas do prefeito, Helio de Oliveira Santos (PDT), o Dr. Helio, e do vice, o petista Vilagra, ambos por suspeitas de corrupção.Segundo o partido, o deputado foi o responsável pela nomeação de Clélio Aparecido Leme, seu assessor, para a Secretaria Municipal de Habitação de Campinas. O secretário também é alvo de um pedido de investigação na Comissão de Ética estadual do PT.
Leite chegou a Campinas em outubro do ano passado, quando Vilagra assumiu a prefeitura, como diretor de Planejamento da própria Secretaria de Habitação. Alguns dias depois, Serafim, então presidente da Câmara, tomou o lugar de Vilagra graças a uma liminar da Justiça. O PT determinou que todos seus filiados entregassem os cargos mas Leme não apenas continuou na administração como foi alçado à condição de secretário.
Dez dias depois o PT conseguiu derrubar a liminar, Vilagra voltou à prefeitura e exonerou o secretário. No dia 21 de dezembro a Câmara de Campinas, sob a presidência de Serafim, aprovou a cassação de Vilagra, o vereador reassumiu o governo e voltou a nomear Leme, que continua na secretaria.
O PT municipal reagiu aprovando um documento proibindo a participação de seus filiados no governo de Serafim. Vaccarezza teria ignorado o partido e se aproveitado dos vínculos com o PDT para indicar Leme “que além de não ser da nossa cidade nunca se apresentou ao PT”, segundo o partido. O veto contou com o apoio político do presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva.
“Avaliamos que o Serafim comandou, enquanto presidente da Câmara, um golpe contra o nosso prefeito para que ele mesmo se beneficiasse. Não podemos participar de um governo que tem no comando alguém como ele”, disse o presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes.
Vaccarezza foi procurado mas não quis comentar a acusação. A pessoas próximas, disse que se trata de um debate político sem implicações éticas ou disciplinares. Vaccarezza tem dito também que outros petistas da capital têm indicado nomes para o governo de Serafim já que o PDT é um partido aliado. Leme disse que o pedido de investigação é uma artimanha do PT local para fugir do debate político.
Hoje a executiva do PT campineiro está reunida para fundamentar juridicamente o pedido de investigação que será encaminhado à direção nacional do partido que tem a prerrogativa de acatar ou não a solicitação.
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